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Atualizado: 7 de mai. de 2021


Você investiria em uma empresa que destrói o meio ambiente ou utiliza trabalho análogo à escravidão? Cada vez mais pessoas respondem “não” a essa pergunta. Investidores do mundo todo tem aumentado suas preocupações com o impacto social e ambiental dos ativos em que investem. Não é exagero dizer que estamos vivenciando uma revolução em termos de sustentabilidade e uma transição de um capitalismo predatório, para um capitalismo mais consciente e inclusivo. Ou, como tem sido chamado, o Capitalismo de Stakeholders.

Comece a se habituar a ver e ouvir a sigla ESG, pois esse é um caminho sem volta. Se você ainda desconhece seu significado vou explicar melhor. ESG é uma sigla em inglês para Environment, Social and Governance. Em português poderíamos traduzir para Meio Ambiente, Responsabilidade Social e Governança Corporativa. Trata-se de um conjunto de práticas empresariais que pode ser usado para guiar investimentos e escolhas de consumo focadas em sustentabilidade. O termo surgiu pela primeira vez em 2005 em um relatório chamado Who Cares Wins (Ganha quem se importa), resultado de uma iniciativa liderada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Para entender melhor o que isso tudo representa é necessário entender o conceito de externalidade, que são os custos e benefícios de uma determinada atividade. Uma atividade industrial, por exemplo, pode gerar lucro para seus investidores e ter um impacto social relevante para a população do entorno, por meio da geração de emprego e renda. Mas essa mesma empresa pode provocar grandes impactos ambientais, por meio do desmatamento e da poluição da água.  Quando o custo da perda da floresta ou da despoluição da água não é computado pela atividade produtiva, dizemos que essa é uma externalidade. No caso do nosso exemplo, uma externalidade negativa. 

Empresas que desenvolvem práticas ESG tendem a incorporar as externalidades da sua atividade produtiva. Trata-se, por exemplo, de implantar sistemas de gerenciamento ambiental eficientes, compensar uma possível supressão vegetal com a criação de unidades de conservação e/ou programas de reflorestamento, neutralizar emissões de carbono, dentre outros. No âmbito social, práticas ESG podem estar relacionadas com educação, respeito à diversidade, inclusão, representatividade e combate ao racismo estrutural. 


A pressão para que empresas sejam mais responsáveis social e ambientalmente já vinha se intensificando nas duas últimas décadas. A popularização das redes sociais tornou mais fácil a organização de um boicote contra uma empresa que pratique crueldade com animais, por exemplo. Mas foi durante a pandemia do covid-19 que a exigência do mercado se acelerou. De acordo com dados da BlackRock, de janeiro a novembro de 2020 os investimentos em ativos sustentáveis aumentaram 96% em relação ao ano todo de 2019. Essa mudança de perspectiva do mercado financeiro deve continuar se acelerando ao longo dos próximos anos.


O que estamos vendo, portanto, trata-se de uma mudança de paradigma em termos de sustentabilidade. Se antes esse era um tema tratado prioritariamente por pesquisadores, ativistas e voltado à definição de políticas públicas, agora vemos o capital privado entrar com força na discussão por mudanças significativas na sociedade atual. Seja em termos sociais, ambientais ou de governança corporativa, temos muito a ganhar com a proliferação de práticas ESG.


Dra. Deise Miola

Deise
Deise Miola

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