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Em qualquer discurso ambientalista, principalmente os veiculados pelas mídias populares, é comum ouvir que “precisamos desenvolver a consciência ambiental das pessoas” ou “é urgente a mudança de hábitos da população frente aos problemas ambientais”. Embora essa seja uma necessidade evidente, os resultados práticos nos mostram o quão difícil é alcançar o coração do problema. 

Sempre me perguntei o que leva uma pessoa a não se importar com o desperdício de água ou a não se comover com a derrubada de uma árvore. A resposta dessa inquietação veio inesperadamente, durante a leitura do livro “Mentes Perigosas: o psicopata mora ao lado” da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva. No princípio da obra a autora traça uma boa descrição sobre o que é ter consciência. Reproduzo abaixo um trecho dessa descrição.

“A consciência não é um comportamento em si, nem mesmo é algo que possamos fazer ou pensar. A consciência é algo que sentimos. […] É um senso de responsabilidade e generosidade baseada em vínculos emocionais, de extrema nobreza, com outras criaturas (animais e seres humanos) ou até mesmo com a humanidade e o universo como um todo. É uma espécie de entidade invisível, que possui vida própria e independe de nossa razão.”

De acordo com Ana Beatriz, a consciência independe do grau de formação escolar, da idade, da cor, do sexo e das condições sociais. Um exemplo bastante evidente disso pode ser encontrado em muitas pessoas que, mesmo sem qualquer instrução, apresentam uma preocupação intrínseca com a conservação da natureza. Outras, entretanto, mesmo graduadas, não se inibem em jogar lixo pela janela do carro. 

Depois dessa leitura percebi o quão longe estamos de atingirmos a consciência ambiental da população. O que se tem feito até agora em termos de educação ambiental se resume apenas a se tentar “convencer” as pessoas da necessidade da preservação dos recursos naturais. Na maioria das vezes, os argumentos para esse convencimento precisam ser, sobretudo, utilitaristas. Podemos convencer uma pessoa a consumir menos água e energia dando-lhe motivos econômicos para tal. Entretanto, não teríamos o mesmo sucesso, se usássemos o argumento da manutenção da água para gerações futuras. 

A autora vai mais além ao resumir, de forma bastante simples, o que é ser consciente. Para ela, “ser consciente é ser capaz de amar”. Partindo desse ponto de vista torna-se claro a incapacidade de algumas pessoas em se comover com o apelo ambiental. Ninguém pode possuir uma consciência ambiental se não tiver desenvolvido a capacidade de amar a natureza. 

Se quisermos realmente ter algum sucesso com programas de educação ambiental devemos levar em consideração a programação psicológica do indivíduo e colocar a temática em seu cotidiano. Afinal de contas, ninguém ama o que não conhece.

Dra. Deise Miola

Deise
Deise Miola

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