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Atualizado: 5 de jun. de 2020


Circulou na internet recentemente a notícia de que vespas assassinas estariam invadindo os Estados Unidos e provocando mais mortes humanas em meio a pandemia da Covid-19. É claro que muitas informações foram distorcidas para criar pânico e produziram muitas imagens e vídeos falsos. Fake News à parte, será que devemos nos preocupar com as vespas assassinas? A resposta é sim, mas talvez o motivo seja diferente do que você imagina.

As chamadas vespas assassinas (ou vespa-gigante-asiática) são na verdade a espécie Vespa mandarinia. Elas medem cerca de 5,5 cm, voam a uma velocidade média de 40 km/h e são predadoras vorazes. Se alimentam de outros insetos, principalmente abelhas, outras espécies de vespas e louva-deus. Possuem uma picada bastante dolorosa devido ao tamanho do ferrão e pela inoculação de uma neurotoxina (veneno capaz de lesionar o sistema nervoso). Embora uma única vespa não seja capaz de matar um ser humano adulto (a menos que ele seja alérgico), essa espécie é responsável por provocar cerca de 30 a 50 mortes por ano no Japão. Esses casos, entretanto, são considerados raros e ocorrem devido a múltiplas picadas, geralmente quando as pessoas se aproximam muito ou mexem nas colmeias.


A notícia de que essa espécie está sendo registrada em outros continentes além do asiático devem causar preocupação? Sim. Por causa do risco de morte aos seres humanos? Não. O que deve realmente preocupar (e fazer agir) as autoridades são os efeitos da introdução de espécies exóticas nos ecossistemas nativos e a perda de serviços ecossistêmicos como a polinização realizada pelas abelhas.

As vespas mandarinas quando introduzidas em um local onde não ocorrem naturalmente podem provocar diversas alterações nas cadeias alimentares nativas, dentre outros desequilíbrios. Como seu principal recurso alimentar são as abelhas, elas podem provocar uma redução drástica nas comunidades. Essa redução pode até levar a extinção de algumas espécies, tendo em vista que muitas delas já se encontram ameaçadas pelo desmatamento e o uso intensivo de agrotóxicos. Mas, por que a extinção de abelhas é preocupante?

Além da fabricação do mel as abelhas também são responsáveis pela produção de muitos outros tipos de alimentos e pela reprodução de milhares de espécies vegetais. Por meio do transporte do pólen de uma planta a outra (processo conhecido como Polinização), esses insetos tornam possível o desenvolvimento de frutos e sementes. Café, maracujá, laranja e soja são apenas alguns exemplos de alimentos que utilizamos no nosso dia-a-dia e que dependem fortemente do serviço fornecido pelas abelhas.


A polinização e a consequente produção de alimentos é um exemplo do que chamamos de Serviços Ecossistêmicos. O controle do clima e a proteção do solo e dos recursos hídricos realizado pela vegetação são outros bons exemplos. A invasão de ecossistemas nativos por espécies exóticas, como a Vespa mandarinia, pode afetar diversos serviços ecossistêmicos e colocar em risco a sobrevivência de espécies, a economia, a saúde e a segurança alimentar da população. Por isso é necessário que o controle sanitário e o monitoramento ambiental sejam bem realizados e fiscalizados. Por enquanto as vespas assassinas ainda não representam um problema para o Brasil, mas temos diversas outras espécies exóticas que provocam problemas ambientais tão ou mais preocupantes.


Deise Miola é bióloga e Doutora em Ecologia Conservação e Manejo de Vida Silvestre pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Crédito das imagens: ATSUO FUJIMARU, MINDEN PICTURES.
Deise
Deise Miola

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